quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O SENTIDO PARA OS SENTIDOS...

Levo comigo o silêncio, algumas observações, umas idéias desencontradas... E um amor que é maior que própria vida...
Das lágriams da morte inteira, chorei semana passada, para viver o todo que existe e retornar aos versos, a poesia, que é o existir em sumo.
Nos meus pecados estão as minhas verdades;
Nos meus meus olhos aminha história
Entre os meus dedos e escorrendo pela minha boca, uma faca de dois gumes cortantes e severos...
A minha prosa é prolixa e os meus versos livres... De sentidos... De rimas...
São o negro do azul celeste...
Não sou clara, nunca hei de ser, não sei ser. Estou todos os dias na minha promiscuidade de Eus, de formas e construções indiretas, de absorver e sentir os gestos, os olhares, as palavras e a partir do mundo ser um outro sentido, expressar outra vida que não as banais. Existir nos sentidos, esquecer a matéria, ser... Descalça, despida do que por ventura há de encobrir minha palavra...

Amanda Braga.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Inspiração

Heis o humos do meu sentir
A nodoa das minhas vestes
As rimas dos meus versos desencontrados
O prurido dos meus dias castigados
O leve pesar alheio que me faz doer os ombros...
-Ah... se nascer novamente eu pudesse, sem Maria ser...
Mas “ este amor” de sempre me acompanhasse até o dia de eu morrer
E quando a noite chegasse iria despir os pés,vestir os teus olhos molhados da aurora que anoiteceu,cometer o doce pecado,partir sem dizer adeus...

Amanda Braga

Anônimo

Como teu ser são meus versos,
Sem escrupulos ou métrica.
Covardes por natureza...
Desprovidos de título e delicadeza.
Infelizes,Impotentes,O escremento dos vermes...
A heresia dos Deuses...


Amanda Braga

quarta-feira, 14 de julho de 2010

PRIMA MATÉRIA

O que dizer...
Os versos me escapam como pássaros que alçam vôo dos caçadores vorazes...
Ou como aves que vão para o sul a se perder de vista o norte.
Fogem do inverno que não existe, escapam pelos sentidos...

-E tem-se sentido tanto ultimamente...

-As palavras ganharam vida,os dias de sinestesia se encheram,mais do que rimas e signos,ou métricas e sonetos,eu vejo...
Com esses olhos que hão de padecer um dia,os teus olhos Ariostos...
A poesia materializada,viva,a beijar-me numa alcova de grama,aos pés de Deus ...


Amanda Braga

vie...

Um verbo intrasitável.
Um suspiro talvez,
Uma colagem multifacetada de análises individuais...
Uma relatividade insolita...Infinita...
Uma ilusão realista do surreal dadaista,impressionista fulgaz.
Uma flor vermelhecida,
Um confisco de morte.
A antitése,
Um traço.
Um rabisco,
Um risco.
Aforismos...
Indelicada.
Voraz...

DO SILÊNCIO...

A meus olhos parados e a minha boca muda:
O hibridismo...A passagem das horas...O niilismo... E o ocaso da noite.
Parou para sentir o negro e a voz baixa...

- O silêncio que é grito e incomoda,mas cômodo aos meus ouvidos e a minha alma inquieta...
- O silêncio da sala cheia de gente e vázia de mim;
- O silêncio que é uma rosa vermelha e intensa onde se escondem os desejos e as quimeras...
- O silêncio do claro e escuro e das constelações intimas...
- Os silêncios dos meus ouvidos que se repete e repete frenéticamente em seus diários idilios...
- O silêncio das minhas mãos dos outros;
- O silêncio da minha perplexia;
- O silêncio meu de todo dia,no qual meus olhos falam a tua boca vázia...

Amanda Braga

terça-feira, 29 de junho de 2010

De uma observação da morte...

E como se um antro de insensibilidade me tomasse
Larguei a pena como quem veste as calças...
E me ponho a pensar no fim,esquecendo o passado.
O fim que é sempre triste e o meu futuro,
Quero esta pronta para ele,forte e indiferente,talvez assim a dor me seja amena
E de tão pequena,que nada eu me torne...


Amanda Braga.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

...

Da matéria o mesmo substrato a morte e a vida.O átomo,o constituinte universal a mistificar esta antítese abstrata concreta...
Da matéria o sumo da realidade,da crueldade,da gentileza,a ilusão...
Da matéria que a folha traga e traduz, as incertezas...
Da matéria que se explica por osmose dentro de suas relatividades,polivalências...
Da matéria à matéria,um infinito,cheio de utopias e flores brancas...


Amanda Braga

Poema...

Do sentir a percepção,
Rimas...
Poucos versos
E unas gotas de orgulho...

Amanda Braga

sexta-feira, 25 de junho de 2010

...

E sob a mesa de um café,
Uns goles de vinho...
Acomete-nos a embriaguez:
Os olhos turvos,as mãos que adormecem,
A boca que se contrai e intimida,
O liquido da percepção das coisas...
O liquido da sensibilidade extrema.
Não é que a razão se esvai
O sentir é que se sobrepõe,aguçado,atraves dos sentidos que se multiplicam,qual flor em solo fértil.
Olha-se de dentro para fora
E olha-se para fora com vontade.
Transcende-se a matéria,
Ri-se da própria miseria,é como esta fora de si.
E na sinstesia entre o cheiro e o paladar dos gestos tropegos e conscientes fala avozes baixas as palavras,o Silêncio...


Amanda Braga

domingo, 4 de abril de 2010

"sem titulo"

São as despedidas tristes sempre.
E depois da partida o vazio existe,
Seco...
Escuro...
Vago...
E cheio de silêncio...
À partida o abstrato, e mais nada...

Amanda Braga .

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Femme

As mulheres que me percorrem a face

Silenciosas e dissolutas, por vezes vorazes,

Sensíveis ou indiferentes e perenemente sedentas...

Todas reféns,do desejo.

Senhoras ou moças

Almejantes por natureza,

Magnólias da vida,são abismos,céus,incertezas...

Mas do que fêmeas,têm na anima dos olhos a lince de uma águia

e no seu sentir estourado de cor, cheiro ,sabores e tato

O infinito e um entregar-se a tudo por inteiro...

Amanda Braga .

Pasquim...

E ao rogar aos céus de olhos baixosSegue...
O homem cego de caminho partidos...
Vitima de si mesmo,refém das próprias dores,Um parricida!
Nascido em 70,mas nem metade foi do que a década era.
Estava simplesmente,vago,vazio e reprodutivo fértil.
Suas noites eram de só tolices, os dias de pilherias e mentiras mal fadadas,
Sendo as tardes de sonambulismo, diversões fúteis e tédio.
Nem sonhar se que ousava estava a nada, á disseminar-se ,apenas.
Na solidão de suas putas tristes..

Amanda Braga

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Frontispício..

A face amarga,de olhos parcos e à boca,silêncio e lágrimas...
E na fronte que do tempo açoite sofre,infortúnio,inópio,lasso e labor...

Amanda Braga

O sentir em desvario...

E do substrato das entranhas
A minha loucura exalada...
O bem querer de desejos,
Seres,corpo... beijos... almas confundidas.
O padecer das vestes...
Os silêncios que falam...
Os olhos que almejam...
As mãos que frenéticas caminham desprovidas de sina,
Livres... há alimentar os famintos sempre sedentos e alheio as horas...

Amanda Braga.

A outra

Entre o pacato de sua parte e as insânias de seus inteiros
Ecoam as lágrimas escorrem seus gritos...

A outra esta prostrada ao recato e a qualquer prendimento vão e insigno.
Vendeu-se por impotência e pura demência,
Enclausurou-se nos sentires e fulgores a troco de sensações,felicidades efêmeras e ilusórias...
Deu-se, e se sentia menos sua, nessas horas.

Vestiu-se de máscaras,embriagou-se essência e se escondeu...
E escondida compôs a sua canção de partida.Foi inteira para si e para alguns também,aos outros foi silêncio...escuridão...nada além de matéria.
Niilismo e desprezo...

Amanda Braga

Insônia

Vãos...
Silêncio...
Horas cheias de procura
Dias cheios entorpecimento.
E as noites,
De barulhos e agonia.
Os dedos maltratados de tanto percorrer o papel,
Os prantos ...
O pranto,que percorre a face ainda em lágrimas,
Os vultos das lembranças já esquecidas:
Papéis rasgados.
Versos maltratados.
lábios rejeitados.
Cadeiras vazias...
Cadencia ,
Cansaço
E nada e sono...

Amanda Braga

O espetáculo...(do conto dos palhaços)

E sem não mais tardar, heis que se dar o inicio do espetáculo incólume :
E heis que a praça faz-se palco,um palco de ilusões no qual dois homens que se fizeram palhaços, debulhansse para mudar algo que os insatifaz ou para simplismente encontrar-se no meio de imensidões de quartos desencontrados...
-digo-vos boa noite a todos os presentes por que a noite há de ser mágica!
Falava Benjamin ao tom de ecoar pelos quatros possíveis cantos daquela praça.
-vou lhes contar uma história,pois se não sabem vocês, palhaços também cotam histórias .Mesmo não sendo elas de pilherias.
-“foi nas bandas da imbiribeira,onde os beirais da sanidade passam longe,estava la um jovem mancebo a contar estrelas,a sonhar com dias melhores e gente mais desprendida,quando avista uma jovem de vestes negras a chorar no banco de um jardim,o rapaz ao vislumbrar a imagem aproxima-se devagar sem que ela perceba,mas como que por impulso a jovem percebe a aproximação e sai a correr pela noite afora e desprotegida...
Heis que na noite seguinte ele encontra mais uma vez a moça, tão alva e barroca como qualquer poesia de Gregório de matos e mais uma vez ela chorava,ela chorava pelos olhos e pela boca,murmurava baixinho palavras desapercebidas,e que ele tentava perscrutar cada uma delas.
Ele já ansioso por falar-lhe tropeça numa pedra e cai no colo da jovem ela se espanta e logo cai aos risos, respiram pra descansar os lábios risonhos e eles começam uma agradável e divertida conversa,minutos depois aparece o irmão do jovem que antes de qualquer coisa naquele lugar, percebe a beleza da mulher que estava a conversar com o mais velho filho de sua mãe.E dentro de si logo a primeira vista começa a pulsar um sentimento de arrebatamento e loucura.
Na manhã seguinte então ,os dois irmão juntos em sua caminhada matinal encontram a jovem alva e percebem que seus olhos ressacados de lagrimas sorriam incertezas.
Os dois se apaixonavam pela criatura triste ,o problema é que não confessavam, guardavam em segredos seus desejos.E a moça como que para tentar afagar o seu peito doido e melancólico percebeu nos dois alegrias e encantos que a completavam,e para não permanecer inerte decidiu ela viver tudo e de todas as maneiras,afinal, amar não é pecado e assim depois de tanto minguar pelas aldeias do alheio, decidiu abraçar o amor sem preconceitos em toda sua essência.
Então todas as noites a criatura amava um dos jovem,era feliz e os fazia feliz,mas eles não sabiam dos acontecimentos, eles não sabiam que ela os amava mutuamente.
Era um por noite e ela que era tão triste, tão só,encontra o amor, um farto amor,para deleitar-se todas as noites.
Foi no inverno, no qual as noites eram mais frias e silenciosas que eles descobriram o que acontecia entre uma noite e outra,alternados no amor daquela jovem eles não a culparam, mas decidiram matar-se, para que dor de perder aquela mulher não os fizessem sucumbir.foi então que empunharam as facas e cravaram em seus peitos, em silencio, em respeito a aquele devasto e bonito amor.
Quando a jovem percebeu a mal acontecido resignou-se desesperadamente,tanto que as lágrimas caiam como sangue das suas faces.Gritava ela desespero,dor,e saudades...
- “Foi-se a solidão aos pares,
Hoje a solidão as massas.
Por onde a solidão andares?
Estarás sempre a praça!”

Quando então Benjamin termina de contar a história começa a chover,o céu comovido com os fatos ouvidos deixa cair lágrimas,para lavar dor e a banalidade daquelas pessoas.
Depois de contado, Benjamin conversa em monologo a história...
Era um monologo desesperado, porque Antonio ameaça ir-se para sua vida passada deixando o amigo só,aos palcos e a solidão :
-amou-se a dois!
-seria pecado,pergunto a vocês?
-Seria!!?
-Só queria a jovem um pouco de alegria,para seus dias de solidão ,e dor, e melancolia...
-quem nesse fim de mundo,há de julgar-lhe,afinal eram verdadeiros todos os seus pesares,sentires,arfares,todas as noites eram verdadeiras,assim como a lua e as estrelas ao seu lado.
-Ela só queria um pouco de acalanto, mas eles que foram egoístas demais de perceber-la nas suas necessidade,só a perceberam nas suas belezas.
-ah...!!! humanidade limitada
-mas é possível quebrar as amarras?
-é possível?!!...
Caiu aos prantos na emoção do seu enleio.
E gritando, chama por Antonio.
-Antonio!!Antonio!!...
Já não mais estava lá Antonio,havia partido com o fim do espetáculo deixando à reticências o sentido de tudo aquilo,no entanto essas reticências não estragaram só abrilhantaram o fim sem fim do espetáculo
Seguiram-se os aplausos e as emoções...
Partiu Antonio,restou Benjamin sem a magia da praça...


Amanda Braga .

O conto dos palhaços:

E em suspiros de dor, fizeram-se vida dilatada,eram dois palhaços,secos,ávidos para embriagar-se nas horas orgânicas deste mundo.Aprendizes,não sabidos de si,buscavam nas paisagens dos sorrisos alheios os sentidos,os caminhos,o desatino para seus corações infelizes...Mas mesmo as suas pluralidades sobresaiam-se, como estrelas Ariostas e estranhas à espera de noites mais longas.
Naturais de São José do Egito,cidade famosa pela poesia no interior de Pernambuco,lá viviam os meninos a respirar rimas na entoada de versos,era literatura de vida,afinal toda vida é em sua essência literatura,no entanto é guardado esse segredo para que não se banalize o existir,para que não se subverta as sinas dos homens sãos,enfim...
E foi no suposto inverno,já que nesta cidade de clima semi-árido esqueceu-se a primavera,encontraram-se as criaturas;dois seres, no sereno de uma noite languida e fria.Queriam calor os rebentos para os seus sonhos quiméricos.
Queria o mais difícil deles fazer unas simplicidades,queria o mais fácil deles fazer unas dificuldades,foi assim,nestas buscas antagônicas eles uniram forças ou apenas idéias,para que pudessem ser melhores e piores,maiores e menores,insanos e rebeldes,transcendentes na verdade e principalmente aridez.
E enquanto bebem do crua realidade encontram-se na praça dos desencantos...
(Benjamin)- ....... Já o verme — este operário das ruínas —Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra, Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há-de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra!
(Augusto dos Anjos)
Vendo o mais fácil, o mais difícil fazendo simplicidades ele logo identificou-se.

(Antonio)- Filho do carbono e do amoníaco?Quem é o claustrico verme que anda a espreitar teus olhos?

Ainda com as vestes coloridas,do seu trabalho,Antonio observa aquele homem sentado em um banco a engolir estrelas,recitando versos.

(Benjamin)-Sou o filho dos palhaços esquecidos,dos que choram, dos que cantam e estremecem,dos quebrantos,das matinas sou o lobo,um palhaço que o mundo inteiro desconhece...sou Benjamin!Muito prazer!

(Antonio)-Logo vejo que a poesia em ti reside ,és poeta palhaço, mas sem as vestes..Já eu sou so palhaço e fiz-me assim para ganhar a vida,para torná-la suportável.

-Pois é,resta-me a cara pintada e uns versos de Augusto.Por que só riem de nós os outros?Por que não pode um palhaço chorar?Nem fazer chorar?Todos os dias no circo com a mesma missão,as mesmas piadas,os mesmo sorrisos,nenhuma sinestesia,nenhuma alma que compadeça aos meus anseios...mas não sou poeta não!Talvez não literalmente.
-Dois palhaços perdidos...(suspira Antonio)
-Esta noite parece infinita... ela é longa e perfeita para o espetáculo do qual deleita as almas esquecidas.... (murmura Benjamin).
Deitaram-se na grama da solitária praça, passaram a espreitar a lua,parecia que sol tinha esquecido de nascer,o tempo era inerme,indiferente,a lua não queria morrer ,os dois senhores aparentavam esquecimento,só existencialismo pairava naquele sereno.
-És o filho da felicidade *e almejas a dor? (perguntou Antonio) .
-Não almejo a dor,almejo o pensamento,questiono o entendimento e nessas bandas de Egito não encontro um só rebento que sinta as brisas deste alento.
-Mas hás de mudar isso se quiseres, só não faças de ti teu próprio mundo,não te isoles com o sepulcro das dores,aconteça no escurecer dos dias...
Depois de ouvido isso foi-se embora Benjamin, e quando saiu da praça fez-se dia de imediato,rasgou o céu o sol quando deu as caras.E depois de algumas horas pensando o tal alarde,percebeu a magia da praça e foi correndo ao encontro de Antonio.
Assim que chega a praça o sol dorme e tudo escuro enfim fica,Antonio o esperava.
-Chegaste meu caro, já o esperava!
-Trouxe idéias as melhores que existem,para mudar a nossa condição de simples descendentes de Adão.(Exclamava Benjamin)
-Sim?...contes-me também tenho algumas.
-Há de ser aqui onde as noites são mais longas e lua nunca morre.Já não trabalharás mais para ganhar a vida,mas ganharas vida a partir de hoje e em abundância...
E no empolgar do contar de seus pensamentos heis que abre-se a mala do tempo e pinta a tinta crua, suas faces,violentas pinceladas que marcaram perenemente suas vidas...Depois de pintados, entregam su’alma a Horus, o deus do poder e da proteção,Horus de imediato torna a noite infinita dando a eles o poder da criatividade também infinita e toda as possibilidades para fazer do tão sonhado espetáculo de Benjamin realidade.
Antonio assistia a tudo atônito e submisso,não questionava o amigo nem a si,aceitava apenas,nem sabia se seu sonho era realmente este,nem Benjamin o perguntava.
Então Benjamin começa a escrever os atos.Chamaria atenção das pessoa daquela pequena cidade,palhaços que não eram de palhaçadas,mas palhaços que catavam,filosofavam e faziam chorar,palhaços desumanos,palhaços sem alma...O amigo submetido começa a perceber que aquele não era o seu sonho,só que dá-se conta que não pode abandonar o companheiro,porque do contrário toda magia havia de acabar e o dia iria voltar com toda sua objetividade.
Benjamin empolgado começa a escrever os atos para o espetáculo.
-Tens antes de tudo a alma de poeta,podes não o ser propriamente,mas é como se escondesses nos teus olhos uns mistérios não óbvios,como se algo magnífico estivesse sempre por vir,porém temo em dizer-te algo mas ei-lo fazer...Eu não quero o infinito,não quero noites de orgiva,não quero isso.Quero o que acaba mesmo,quero voltar para casa, não quero a solidão junto as massas,perdoe-me estragar teu sonho.Ficarei contigo apenas esse ato e depois partirei!
Benjamin triste e ansioso pelo que lhe aconteceria,afinal Horus os castigaria severamente ,deu-lhes tudo pela união dos amigos e outrora estariam eles dispersos e distantes...
(...)
Muitos foram assistir ao espetáculo,nunca haviam visto noite tão longa e ato tão preciso,perfeito como nos sonhos do Benjamin.
E sem não mais tardar, heis que se dar o início do espetáculo incólume :
E heis que a praça faz-se palco,um palco de ilusões, no qual dois homens que se fizeram palhaços, debulhansse para mudar algo que os insatifaz ou para simplismente encontrar-se no meio de imensidões de quartos desencontrados...
-Digo-vos boa noite a todos os presentes,porque a noite há de ser mágica!
Falava Benjamin ao tom de ecoar pelos quatros possíveis cantos daquela praça.
-Vou lhes contar uma história,pois se não sabem vocês, palhaços também cotam histórias .Mesmo não sendo elas de pilhérias.
-“Foi nas bandas da imbiribeira,onde os beirais da sanidade passam longe,estava lá um jovem mancebo a contar estrelas,a sonhar com dias melhores e gente mais desprendida,quando avista uma jovem de vestes negras a chorar no banco de um jardim,o rapaz ao vislumbrar a imagem aproxima-se devagar sem que ela perceba,mas como que por impulso a jovem percebe a aproximação e sai a correr pela noite afora e desprotegida...
Na noite seguinte ele encontra mais uma vez a moça, tão alva e barroca como qualquer poesia de Gregório de matos e mais uma vez ela chorava,ela chorava pelos olhos e pela boca,murmurava baixinho palavras desapercebidas,e que ele tentava perscrutar cada uma delas.
Ele já ansioso por falar-lhe tropeça numa pedra e cai no colo da moça, ela se espanta e logo cai aos risos, respira para descansar os lábios risonhos e eles começam uma agradável e divertida conversa,minutos depois aparece o irmão do jovem que antes de qualquer coisa naquele lugar, percebe a beleza da mulher que estava a conversar com o mais velho filho de sua mãe.E dentro de si logo a primeira vista começa a pulsar um sentimento de arrebatamento e loucura.
Na manhã seguinte então ,os dois irmão juntos em sua caminhada matinal encontram a jovem alva e percebem que seus olhos ressacados de lágrimas sorriam incertezas.Os dois se apaixonavam pela criatura triste ,o problema é que não confessavam, guardavam em segredos seus desejos.E a moça como que para tentar afagar o seu peito doído e melancólico percebeu nos dois alegrias e encantos que a completavam,e para não permanecer inerte decidiu ela viver tudo e de todas as maneiras,afinal, não é pecado amar e assim depois de tanto minguar pelas aldeias do alheio decidiu abraçar o amor sem preconceitos, em toda sua essência.
Então todas as noites a criatura amava um dos jovens,era feliz e os fazia feliz,mas eles não sabiam dos acontecimentos, eles não sabiam que ela os amava mutuamente.
Era um por noite, e ela que era tão triste, tão só,encontra o amor, um farto amor,para deleitar-se todas as noites.
Foi um fardo,mas não um fardo pesado,era fresco,leve que perdurou por muitas noites,todas as noites do existir daqueles seres,perdurou em segredo até que seus dentes já lhes havia caído das faces,até o dia em que a terra lhes percorreu o corpo e as vestes...”
Amou aqueles homens aquela mulher,e todas as noites depois que partiam,dizia ela em gratidão aos Deuses:
- “Foi-se a solidão aos pares,
Hoje a solidão as massas.
Por onde a solidão andares?
Estarás sempre a praça!”
Quando então Benjamin termina de contar a história começa a chover,o céu comovido com os fatos ouvidos deixa cair lágrimas,para lavar dor e a banalidade daquelas pessoas,para fazer brotar naquelas vidas sonhos e desejos sepultados pelo cotidiano...
Depois de contado, Benjamin conversa em monologo a história.
Era um monologo desesperado, porque Antonio ameaça ir-se para sua vida passada deixando o amigo só,aos palcos e a solidão :
-Amou-se a dois!
-Seria pecado,pergunto a vocês?
-Seria!!?
-Só queria a jovem um pouco de alegria,para seus dias de solidão ,e dor, e melancolia...
-Quem nesse fim de mundo,há de julgar-lhe,afinal eram verdadeiros todos os seus pesares,sentires,arfares,todas as noites eram verdadeiras,assim como a lua e as estrelas ao seu lado.
-Ela só queria um pouco de acalanto, mas eles que foram egoístas demais de perceber-la nas suas necessidade,só a perceberam nas suas belezas.
-Ah...!!! humanidade limitada
-Mas é possível quebrar as amarras?
-É possível?!!...
Caiu aos prantos na emoção do seu enleio.E no desespero de ver Antonio partir.
Heis que o fim chega e Antonio vai-se embora sem despedir-se, esvai-se no silêncio das estrelas...logo após sua saída a magia degenera e Horus expulsa Benjamin do paraíso condenando-o a monotonia eterna nos palcos do circo,a Antonio restou-lhe a solidão das massas que lhe era tão temida e a cidade também pagou pelo egoísmo de ambos,choraria a partir dali o céu ,noites e dias incessantemente,ou até que Benjamin descobrisse que a magia das praças são postas sobres os beirais das calçadas dos quebrantos... E numa tarde nebulosa heis que algo acontece!
(...) Benjamin
-Achei o que porvir há de salvar!
Não ao sepulcro de meu lar!
Quebranto...

Amanda Braga

Escárnio...

Vistos desde cedo teus olhos
Padeceram silêncios e esperas...
Vistos ...logo comoveram.
Provados ,fizeram-se matéria,
Sandices,sonhos e desejos...
Percorridos os rios das lágrimas e das saudades
Trazidas nostalgias dos teus beijos,
Fingidos ,mascarados de mentira,aguados de desejos.

Amanda Braga .

Dos sintomas do desejo...

A boca entre aberta a meia tarde.
Meus braços já descaços na varanda...
Teus olhos vi morrendo na janela.
Na tez,derrelição a sanidade...
Da voz entrando oca ao meu ouvido,
Das mãos escapa a dor,desejo incerto.
Do peito batendo em frêmito distraído,O vão da escada escuro,segredo certo.
Os ditos fênecidos,
A noite esperta...
Memoria que ja me falha.-culpado o tempo!
E insiste aquele instinto amarrotado,
Tingido de carmin,vermelho e sangue...

Amanda Braga.

Das coisas do amor...

Deste sentimento que muitos tentam explicar
Mas...poucos se importam com a sua biologia,
Querem os outros, é viver a fantasia...
Acreditam nos suspiros,nas juras inconscientes,
No fulgor da cama ardente,do torpor de vis pesares.
Prendem-se!
Julgam-se fiéis,a quem não se sabe.
Dá-se a um ,para aos outros negar com piedade.
Seletista é ele.
Insano é quem o possui por vaidade...

Amanda Braga

DAS COISAS DO MUNDO...

Posto que coisa é tudo e tudo que é coisa percorre este universo,descrevo-lhes agora as três mais importantes.
Primeiro a vida:
A vida que a ferro e força nos impõe o existir,
que é dinâmica dentro da sua monotonia
sendo presente,futuro, nostalgia
E poesia, de tragédias ou lirismos.
A vida que é múltipla e incompleta
Vil na realidade,
Doce na fantasia,
E pregada a base de melancolia
Para as beatas dominicais em dias de festa.


Depois o poeta:
Farto...
Um divino sagaz!
Vive a cantar e contar suas prosas em rimas,
Reproduz-se ao dizimar os seus versos,
E do alto,vê o sonambulismo cotidiano dos mortais.
Um contumaz etílico a tragar seus cigarros.
E das fumaças que brotam de seus lábios exalam os lírios e as verdades
E então para abraçar suas sanidades morde como quem beija seus pecados...


Enfim a Morte:
Ela existe dentro das pedras,
Persegue a alma das flores,
Dizima os sem pudores
Reprime os recatados.
Fado de antecipação
Pros desiludidos,
Mal irremediável
Para os mortais.
Digna de esquecimentos,
Farta de sofrimentos,
Discreta e silenciosa,
Quase uma francesa...

Amanda Braga

Almbramento...

Está-se agora!
Foi-se o que não era.Desfez-se a ilusão do ser,sabe-se apenas que se pode está,e estando tem-se o infinito como limite,ou melhor,o limite é agnóstico neste caso.
É-se tudo estando.Pouco é ser.
Ser algo ou creditar que se é algo faz mal pra cabeça,acaba por frear a essência da alma e acaba acabando com o ser humano ou melhor está humano.
Está é diverso,heterogêneo,polígono,múltiplo,está é dispersão e dispersão é liberdade.
Ainda me lembro quando não era,acho que beirava os oito anos e ainda brincava de bonecas,lendo jornais e jogando futebol.Era feliz e não sabia,mas aos poucos deixei de existir,para ser ilusão de primavera...